As grandes navegações ibéricas, ou mais conhecidas como navegações portuguesas e espanholas, tinham como objetivo principal traçar um caminho para as índias e restabelecer o comércio sem a necessidade de pagar as taxas aos turcos otomanos.
Toda a tecnologia reunida das mais diversas áreas do mundo conhecido foram utilizadas para aperfeiçoar os barcos, os sistemas de navegação, o mapeamento e a orientação dos marinheiros em alto mar com a ajuda de instrumentos como o astrolábio.
Apesar de descoberta de novas terras pelo espanhol Cristóvão Colombo em 1492, o foco principal tanto de espanhóis como portugueses era o de chegar as índias. Isso continuo evidenciado até 1498, quando finalmente o navegador português Vasco da Gama faz o traçado e a rota correta e chega nos territórios indianos.
Apesar da descoberta oficial de outras terras continentais pelos portugueses, as quais mais tarde será denominada Brasil, a atenção da coroa se focou no comércio das especiarias, que era a atividade mais lucrativa naquele momento. Somente em 1534, o rei Dom João III decide por em prática um tipo de administração para colonizar e explorar as riquezas de seu imensa colônia.
As Capitanias Hereditárias
Do contrário ao que muitos pensam, o sistema de capitanias hereditárias não foi algo novo em Portugal. O monarca português utilizava dessa ferramenta tanto para promover a utilização das terras conquistadas seja em Portugal (nas batalhas da Reconquista), nas colônias africanas ou no Brasil, como também para se manter no poder.
A distribuição das terras era a forma que o monarca tinha de conquistar e presentear as elites de seu reinado e portanto, manter-se absoluto. Pode-se dizer que o território do rei português eram as fronteiras imperiais por excelência. Não gerando surpresa alguma, assim também foi com os territórios do Brasil.
Como sabemos, o Brasil é um país imenso, muito maior que Portugal. Apesar de naquela época a colônia brasileira não ter o tamanho que o país tem hoje, ainda assim os portugueses estavam lidando com pedaços gigantescos de terra. Dessa forma, Dom João III dividiu a colônia em 13 grandes faixas territoriais com o nome de capitanias hereditárias, e como de costume, deu cada uma delas a um nobre de seu império.
Assim era o nome porque as terras seriam passadas dos pais para os filhos normalmente. Os donos das capitanias eram chamados de donatários ou capitães. Os capitães tinham o dever de administrar, proteger de ataques tanto indígenas como de outras nações do Velho Mundo e colonizar sua capitania. Em troca disso, eles poderiam explorar todas as riquezas encontradas.
Eram as 13 capitanias:
Capitania do Maranhão, Ceará, Rio Grande, Itamaracá, Pernambuco, Baía de Todos os Santos, Ilhéus, Porto Seguro, Espírito Santo, São Tomé, São Vicente, Santo Amaro e Santana.
Extinção do Sistema
Apesar de parecer uma boa ideia, o sistema de capitanias não deu muito certo. Isso porque a falta de pessoas do império para colonizar as áreas imensas era visível, o despreparo de muitos dos capitães acabaram por dificultar as finanças do que era produzido, os territórios eram muito grandes e os constantes conflitos com os povos indígenas custavam muitas vidas e saques.
Dessa forma, o sistema das Capitanias Hereditárias foi extinto em 1759 por Marquês de Pombal. Apesar disso, duas das capitanias haviam dado certo e adquirido prestígio, a de Pernambuco e a de São Vicente. Sendo extintas, as faixas de terras foram cortas em pedaços menores e distribuídas para mais pessoas de acordo com o interesse da corte como sesmarias, condados e etc.
Esse tipo de administração gerou a enorme desproporção na distribuição das terras no Brasil atual, onde se luta pela Reforma Agrária até hoje. Imensos latifúndios ainda estão nas mãos de pouquíssimas pessoas em relação a quantidade populacional brasileira.