Ernesto Che Guevara é sem dúvida, um dos ícones mais fortes quando o assunto gira entorno das lutas sociais e ideias revolucionários. O guerrilheiro de nacionalidade argentina liderou a Revolução Cubana que derrubou o governo da ilha em 1959, instalando o sistema socialista, contrariando a potência norte americana.
Vencendo paradigmas e preconceitos
Muito se fala da figura histórica de Che Guevara. Muitos defendem sua postura revolucionária e ideológica, outros o criticam com discursos moralistas ou factuais que enquadram o revolucionário como violento, opressor, torturador, mercenário, dentre outros adjetivos depreciativos que acabam por denegrir tanto a imagem como o feito do indivíduo histórico.
Antes de prosseguir, é necessário estabelecer que na História não existem mocinhos e vilões e que os conceitos de “bem” e “mau” são apenas conceitos que mudam de acordo com o ponto de vista. As personalidades históricas nunca são 100% boas, morais e encantadoras. Essas figuras históricas eram devidamente ambíguas e multipolares, assim como todo ser humano é.
As personalidades históricas foram de carne e osso, viviam em um mundo de representações econômicas, culturais e morais totalmente diferente da atualidade, e adequavam seu comportamento, atitudes, decisões, frases e ações de acordo com as circunstâncias em que se encontravam. Che Guevara não foge dessa regra. Foi um sujeito que foi movido por sentimentos, ideais, interesses e pretensões em busca de um objetivo, e que para isso, teve de tomar atitudes louváveis para uns, odiáveis para outros.
Biografia de Che Guevara
Nascido em 14 de junho de 1928 em Rosário, na Argentina, Ernesto Guevara pertencia a uma família de classe média alta no país e cresceu com muito privilégios e oportunidades. O pequeno menino nasce de 8 meses, fraco e já doente. Asmático assim como a mãe, Ernesto teve de aprender a conviver com a doença, fato que se agravou com problemas familiares.
Teve uma boa educação na Argentina, pois o país era considerado uma benção na América do Sul, tendo a 13ª maior renda per capita do mundo. A morte de sua avó e o estado de enfermidade de sua mãe talvez tenha sido o motivo da escolha do curso de medicina na Universidade de Buenos Aires. Devido ao ingresso na universidade e ao ideias políticos, Guevara acaba por se afastar do serviço militar de seu país.
Sua paixão por viajar era uma das características mais importantes de Ernesto. Durante as férias da faculdade, organizava suas aventuras até mesmo de bicicleta. A mais importante foi realizada em 1952, onde ele e seu amigo Alberto Granado percorreram o vasto território da América do Sul por entre os países Peru, Equador, Bolívia, Colômbia, Costa Rica,Guatemala e Panamá em uma motocicleta.
Durante essa viagem, Ernesto pôde presenciar as enormes diferenças e injustiças sociais que assolavam os países da América do Sul. Essa experiência ascendeu ainda mais seus ideias. Seu amigo fica em Caracas, na Venezuela, trabalhando em um leprosário e Ernesto retorna a Buenos Aires para terminar seu curso de medicina.
Após concluir o curso, Ernesto parte para o encontro de seu amigo em Caracas. Os motivos de sua partida podem ter sido uma mesclagem de descontentamento familiar, político (era contra o peronismo) e ideológico. Apesar disso, é encorajado a partir para Guatemala por um fugitivo de Perón. Nesse país, Ernesto teve uma vida difícil devido o desemprego. Lá conhece Hilda, com quem se casaria em 18 de agosto de 1955. Nesse mesmo país, Ernesto recebe o famoso apelido “Che”.
Após tensões políticas entre o governo recém eleito na Guatemala com os interesses norte americanos, Che Guevara parte para o México, onde inicialmente ganha a vida como fotógrafo e trabalhando em um hospital. Nesse país, Guevara conhece Fidel e Raul Castro, que estavam montando uma guerrilha para derrubar o governo de Cuba. Ernesto então parte para Cuba e torna-se um dos médicos de tropa em 1956.
Aos poucos abandonou a medicina e tornou-se comandante da guerrilha. Após intensos combates armados, a guerrilha vence em 1959, consolidando a Revolução Cubana. Com a vitória militar e ideológica, Che Guevara torna-se cidadão cubano e assume alguns cargos públicas de grande importância no novo regime.
Apesar do sucesso de empreita, Che Guevara acreditava que toda a América Latina deveria passar por sucessivas revoluções para contornar os problemas sociais e transformar a realidade. Deixa a vida burocrática em Cuba e inicia uma guerrilha na Bolívia em 1965. Na Bolívia, as coisas foram mais difíceis e o apoio e pressão norte americana permitiram que o combatente revolucionário fosse cercado e capturado no dia 8 de outubro de 1967. No dia seguinte a sua prisão, foi executado por um soldado que cumpria ordens militares.
Os restos mortais de Che Guevara só foram encontrados em 1997, os quais foram levados para Cuba e permanecem no mausoléu Guevara, na cidade de Santa Clara, próxima a Havana.