A Guerra dos Emboabas foi um conflito que reconheceu uma infinidade de interesses individuais e coletivos dos futuros mineradores na região de Minas Gerais. A elevada importância do conflito deu-se devido ao enfrentamento da vontade da coroa portuguesa pelos paulistas que afirmavam ser os descobridores das jazidas e que por isso achavam-se no direito de explora-las exclusivamente.
O Ouro do Brasil
Com o início da expansão marítima portuguesa e espanhola, os europeus descobriram um mundo novo, de possibilidades comerciais e o início da valorização do sistema monetário. Até então, o ouro e demais metais preciosos eram uma espécie de moeda internacional e que também determinavam a força econômica de um Estado.
Em tese, as monarquias europeias buscavam armazenar a maior quantidade de metais preciosos possível, pois isso também determinava o valor e o peso de sua moeda. Com a busca por esses metais em alta e a possibilidade de encontra-los em novas terras (os continentes americanos), os esforços na procura de jazidas deram-se em larga escala na América Portuguesa e América Espanhola.
As primeiras jazidas de ouro foram encontradas no Brasil no início do século XVIII, em terras que hoje localizam-se dentro do Estado de Minas Gerais. O território e as jazidas de certa forma, estava sob o domínio da província de São Paulo e foram descobertas pelo próprio paulistas. Quando a notícia chegou ao Estado de Portugal, a coroa logo iniciou uma série de medidas para que o ouro fosse aproveitado a benefício de Portugal.
O conflito dos Emboabas
Os paulistas reivindicaram as jazidas encontradas por eles, mas a coroa decidiu que os portugueses e habitantes de outras províncias pudessem explorar o território em busca do ouro. Isso gerou descontentamento nos paulistas que se viram desapropriados de seu direito. Os bandeirantes paulistas viram-se obrigados á se defender das investidas dos emboabas.
Emboabas era como os bandeirantes paulistas chamavam os portugueses e demais exploradores de outras províncias. Trata-se de uma palavra indígena que era usada para nomear aves. Com o contato com os bandeirantes, essa palavra foi resinificada para descrever os exploradores que entrava na mata calçados de botas.
A figura do bandeirante que se tem no imaginário era bem diferente da figura histórica. Os bandeirantes eram quase sempre, mestiços indígenas com portugueses que ganhavam seu sustento nas expedições mata a dentro. Para conseguirem superar os desafios e dificuldades da mata densa, utilizavam-se de conhecimentos e práticas indígenas, como por exemplo, andar descalço.
O conflito se iniciou em 1707 e durou até meados de 1709. Os emboabas, liderados pelo bandeirante Manuel Nunes Viana, organizaram expedições de ataque contra os paulistas, visando enfraquecer os domínios de São Paulo na região das jazidas. A batalha mais importante aconteceu no Capão da traição, onde mais de 300 paulistas foram mortos em combate.
Com o enfraquecimento dos paulistas, a hegemonia portuguesa estaria novamente poderosa na região. A coroa fez a separação das províncias, criando a Província de Minas Gerais. Grande parte dos bandeirantes paulistas se espalharam e foram em busca do ouro no Mato Grosso e em Goiás, onde se estabeleceram e encontraram diversas pedras e metais preciosos.
Outros acontecimentos (consequências) pós conflito
Com a derrota dos paulistas, a coroa portuguesa pode se estabelecer em Minas Gerais com soberania. Lá, assumiu de vez a exploração do ouro e demais metais preciosos encontrados. Por esse motivo, grande parte dos bandeirantes paulistas decidiram procurar ouro em outras províncias do Brasil, onde de fato encontraram.
Com a soberania reafirmada por Portugal, a coroa estabeleceu a cobrança do quinto sobre toda peça de ouro. Essa cobrança era uma espécie de imposto á ser pago, onde a quinta parte de todo ouro encontrado deveria ser entregue á Portugal. Era também ilegal transitar com ouro sem o símbolo real (que era prensado na barra de ouro assim que se retirava o quinto) ou transitar com pó de ouro.