A virada do século XIX para o século XX foi de crescimento das vanguardas. Principalmente no cenário europeu, a ciência e arte alemã estavam inovando em todas as conjunturas, clamando por um mundo novo livre do modelo aristocrático e burguês que a era vitoriana já pregava e repetia por tanto tempo. A arte moderna serviria como um contraste, divisor de águas. Separaria o mundo antigo do mundo inovador, ousado, fora dos padrões, onde a realidade e a imaginação se juntavam.
Uma das inovações no campo artístico foi o cubismo, forma de arte originada principalmente pelo artista Paul Cézanne. Essa expressão artística conseguia expor claramente os novos tempos que viriam ao mundo. Demonstrava o cotidiano, objetos e paisagens naturais não como uma imagem realista, mas como um emaranhado de formas geométricas.
A clara mensagem cubista tratava-se de dar originalidade às telas, fazer com que as pinturas não sejam uma mera reprodução, mas que sejam diferenciadas do mundo real. As pinturas teriam uma linguagem própria, sem se conectarem necessariamente a padrões representativos, ou seja, a arte dialoga com o real sem imita-lo.
Nesse sentido, é comum que até mesmo as cores não façam nenhum sentido se analisadas de forma conservadora. Os traços e perspectivas são feitos para criar a sensação de imagens esculpidas, e muitas vezes, são totalmente ignorados numa imagem plana em tons de cinza, preto, vermelho e outras cores escuras.
Cubismo no Brasil
O cubismo chegou ao Brasil como forte influencia às artes que a seguiriam após a famosa Semana de Arte Moderna em 1922. Não passaram por aqui, artistas genuinamente cubistas, mas sim, muitos que usaram dessas técnicas para criar as obras de arte que se tornariam símbolo da modernidade também aqui no país.
Adaptando o cubismo aos horizontes artísticos brasileiros, Tarsila do Amaral desenvolveu obras que misturavam as influências cubistas com as paisagens brasileiras, crítica social e o antropofagismo. Rego Monteiro também adaptou o cubismo de forma bem peculiar, misturando as formas geométricas para produzir traços do corpo humano, tendo grande influência cultural indígena em suas obras.
Outros artistas como Anita Malfatti utilizaram do cubismo, juntamente com o expressionismo, resultando em um estilo único de pincelada e contraste entre as duas concepções modernistas que claramente dialogavam nas telas.