A mitologia grega é talvez uma das mais importantes do mundo ocidental. Isso porque nossa forma de pensar, agir e de ver uma grande parte das coisas se deu por influência notoriamente grega nos ensinamentos, cultura e religiosidade. Para se ter uma ideia dessa influencia, 60% das palavras do português brasileiro possuem radicais gregos.
A influência dos gregos chegou na Europa e na América principalmente pelas tradições romanas – já herdadas dos gregos – e do esforço escolástico da igreja Católica Apostólica Romana, onde padres e monges buscaram em antigas obras gregas e orientais conhecimentos em várias áreas do saber para legitimar o poder de Deus.
A mitologia grega do início dos homens é talvez a mais impostante. Por causa da escassez de fontes históricas desse período, essas histórias só são encontradas completas e organizadas na obra de Hesíodo, chamada de Os Trabalhos e Os Dias, onde ele critica o afastamento grego dos deuses na tão conhecida pólis.
De acordo com Hesíodo, o homem de hoje é resultado de inúmeras transformações dos homem feitas pelos deuses durante o tempo. Nossa condição horripilante na terra é culpa de nossa própria natureza e pelas rebeliões contra uns aos outros ou os criadores. São cinco idade dos homens que serão descritas abaixo:
- A Era de Ouro: A primeira era conta-nos a história dos homens de ouro durante o reinado de Chronos. Nessa época, os homens não viviam eternamente mas morriam de forma pacífica e com o corpo jovem e ainda glorioso. Alimentos não faltavam a ninguém. As frutas silvestres estavam disponíveis em todo o lugar, a primavera era eterna e o mel gotejava das árvores. A agricultura era desnecessária. Porém, essa era teve seu fim com a fúria de Zeus com Prometheu, que roubara o fogo de Zeus e tinha-lo dado aos homens. Como punição, Zeus cria a mulher, Pandora, que encantaria e faria com que os homens caíssem de paixão e deixa-sem a racionalidade por ela. Pandora abriu a caixa que abrigava todo o mal que recaio sobre a terra e sobre os homens. Os homens foram então transformados em gênios bons.
- A Era de Prata: Zeus, como punição aos homens, deu fim a primavera eterna e permitiu que outras estações castigassem a terra. Os homens agora envelheciam e tinham que plantar o que comer e construir casas para morar. Além disso, achavam-se independentes e negavam cultuar os deuses imortais. Por esse motivo foram transformados em gênios inferiores.
- A Era de Bronze: A raça dos homens de bronze foi uma raça forte e guerreira dotada de armas de bronze. Porém, esses homens pereceram uns pelos outros como fruto de sua violência.
- A Era dos Heróis: Foram homens com ideais, pensamentos e conduta invejável. Homens que procuravam a Kléos – em tradução livre, glória – e batalhas heroicas. Foram os homens que lutaram em Tebas e em Tróia, que escreveram a Areté – código de conduta educacional grega, geralmente transmitido pela oralidade – que conduziu os gregos por muitos anos. Alguns heróis conseguiram se tornar deuses no olimpo e os bons heróis ganharam um espaço de descanso eterno na Ilha dos Bem Aventurados.
- A Era de Ferro: Por último, os homens da era ferro seriam o ser humano da época de Hesíodo e até hoje. Uma raça que só haveria de esperar dias ruins, miséria, fome, pragas, doenças, guerras e injustiças. Onde a discórdia cresce no coração da maioria dos homens e um se rebela contra o outro. Ao injustos só cabe o Tátaro de sofrimento após o Hades e aos justos, caberia os mil anos nos Campos Elísios e depois uma possível volta ao campo terreno.
Essa é a mitologia grega de formação do homem. A partir dela, é possível estabelecer diversos conceitos que ainda utilizamos hoje em nossas culturas. Além disso, é possível compreender os gregos historicamente, entender suas escolhas e desejos, seu modo de pensar e agir entre muitos outros conceitos.