A Primeira Guerra Mundial pode ter sido o evento mais importante da pós modernidade. A quantidade de transformações que as sociedades de todo o mundo experimentaram como resultante desse trágico, porém avassalador evento, estão presentes até hoje, em nossa geração, certamente adentrando na geração de nossos filhos.
Muitos dizem que a Primeira Guerra inaugurou o século XX, apesar de ter seu início em 1914. Em um ponto de vista histórico e cultural, essa afirmação detém grande sentido. Para entender melhor essa situação e outras motivações que levaram ao início desse grande conflito, o DicasFree preparou uma pequena, porém expressiva lista, contendo os principais tópicos para entender a Grande Guerra. Confira!
O eterno século XIX e uma Alemanha sedenta por espaço
Pensar no século XIX pode te fazer lembrar de várias invenções, acontecimentos e marcos históricos. No Brasil, podemos lembrar da Guerra do Paraguai, da abolição da escravidão, do início da República, dentro outras. Porém, não há como não pensar na aristocracia, no modo de vida burguês, nas grandes capitas do mundo (Paris e Londres) e no mundo do trabalho.
Justamente esse modo de vida aristocrático da tradicional família burguesa, as regras de etiqueta, as roupas de época e toda uma infinidade de costumes que a Europa não queria largar, formavam o longo século XIX. As artes e inovações centravam-se em Paris que florescia como a capital do charme, da arte, do progresso. Tanto a França como a Inglaterra também detinham mais recursos, mais terras neocoloniais, dentre outros.
Contrapondo esse estilo de vida, estava a recente Alemanha, que a largos passos se industrializava, aumentava sua produção, produzia um ritmo de vida menos aristocrático e burguês. A Alemanha foi a representação progressista, a vanguarda que buscava inaugurar o século XX com uma pesada dose de nacionalismo. Isso pode ser visto também pela própria arte modernista, longe dos padrões franceses.
Além do campo cultural, a Alemanha avançava no campo científico e econômico. Os alemães desejam o espaço que, segundo eles, era de seu direito na Europa. Os nervos se intensificaram com a partilha neocolonial da África, situação em que a Alemanha se viu “injustiçada” pelos demais países europeus.
Motivações antigas e uma gota d’água
A partilha neocolonial da África e da Ásia foi uma dos grandes motivos. França e Inglaterra detiveram uma grande parte de terras com muitos recursos para se explorar. Já Alemanha e Itália tiveram pequenas quantidades de terras menos importantes, na visão deles. Essas decisões acabaram por fomentar uma grande tensão que só aumentava na Europa, com o aumento da fabricação de armamentos bélicos.
Os movimentos nacionalistas clamavam por mudanças e ampliavam as rivalidades preexistentes. Uma delas era o revanchismo francês, adquirido na derrota contra a Alemanha no conflito Franco Prussiano. Nessa ocasião, a França tinha perdido a região de Alsácia Lorena, disputada entre as duas nações.
A gota d’água para o início da guerra foi o assassinado do Arquiduque Francisco Ferdinando do Império Austro-Húngaro por uma associação nacionalista de estudantes sérvios conhecida como Mão Negra. Imediatamente, a Austro Hungria declarou a Sérvia como culpada e exigiu que investigadores austríacos participassem da investigação para capturar os culpados.
Essa exigência não foi aceita pela Sérvia por se tratar de um ato contra a soberania nacional. Os sérvios tinham confiança de que a Rússia estaria do lado deles caso houvesse algum conflito. Mediante isso, o Império Austro Húngaro declara guerra a Sérvia em 28 de julho de 1914.
A política de alianças europeia
Como uma herança das alianças da Idade Média, esse sistema ainda perdurava na Europa para garantir paz por mais tempo. A lógica era que um país não entraria em guerra contra outro que tivesse fortes aliados militares a seu favor. Porém, foi exatamente essa política que favoreceu a participação de dezenas de países na Grande Guerra.
Em resposta a isso, a Rússia iniciou uma movimentação de tropas em direção a Austro Hungria, mas sem declarar guerras. A política as alianças fez com a Alemanha declarasse guerra contra a Rússia no dia primeira de agosto daquele ano e a França no dia 3, invadindo imediatamente a Bélgica para chegar na fronteira francesa mais rapidamente. A invasão da Bélgica fez com que a Inglaterra declarasse guerra a Alemanha no dia 4 de agosto. Logo, a maioria dos países europeus estariam dentro do conflito.
Por que”Guerra Mundial”?
Apesar de, visto por esse ângulo, esse conflito parecer algo interno da Europa, não podemos esquecer que os países europeus eram imperialistas envolveram todos os países de seus domínios no contexto da guerra. Logo, países do oriente médio, da Ásia e da África já estavam envolvidos. Além disso, os problemas econômicos gerados pelo início do conflito fez com que outros países entrassem na guerra.
Para defender esses interesses, Estados Unidos e Canadá entraram no conflito. O Brasil entraria após um trem que transportava café brasileiro ser abatido por forças alemães, fato que fez com que as relações diplomáticas fossem desfeitas entre os dois países. Envolvidos não só os países europeus, mas diversos países da Ásia, da África e das Américas, o conflito entrou em uma escala global.
O conceito de “guerra total” também foi empregado no conflito. O motivo era que não só os militares eram alvos, mas também os civis, por estarem participando intensamente na fabricação e no transporte de mantimentos.