Apesar da violência clichê que disferida quando se pensa em favelas, esses centros de moradias normalmente em morros são cheios de histórias, cultura e uma identidade própria construída por décadas de existência.
As favelas carregam os resultados diretos de algumas políticas públicas que foram tomadas de forma medíocre em nosso governo durante séculos. Apesar disso, é importante reconhecer esses polos habitacionais e saber sobre suas informações, a vida, as dificuldades, as alegrias e todo o âmbito social.
As comunidades carentes sofrem discriminações por motivos que não cabem ao ser humano julgar, a pobreza é algo que não se escolhe, com o crescimento inadequado da população as questões de saneamento básico passam longe desta categoria.
A falta de estímulo levam os jovens ao mundo do crime e uso de drogas, mas tudo pode melhorar, a criação de escolas integrais visam ocupar o tempo dessas crianças ensinando esportes, dança, cursos técnicos, informática, e artesanato, tornando cidadãos de bem, e levando informação para os pais. As creches facilitam a vida das mães que podem trabalhar para levar mais dinheiro para casa aumentando as condições de sobrevivência, pois seus filhos serão alimentados e cuidados por pessoas de confiança.
A educação é a melhor forma de tirar os adolescentes da marginalidade e do furto, seus pais lutam para sustentar e alertar dos perigos da vida e quando menos esperam estão com filhos viciados alimentando o mundo do tráfico. Os conflitos entre policiais e traficantes tornam as pessoas com medo de sair de casa, se tornam reféns de seus próprios medos.
Algumas informações que circulam nos noticiários dizem que a moeda de circulação das favelas é o crack, quer dizer que todos os moradores são usuários… Muitas pessoas são dignas de respeito, trabalham com dignidade e compromisso, por falta de condições financeiras ocupam um espaço nessas comunidades pobres.
A pobreza não é defeito, é apenas um impulso para se correr atrás dos objetivos de cada um. Cargos importantes são ocupados por pessoas pobres, que tiveram a chance e garra de lutar por uma vida melhor, pois passaram por dificuldades e buscaram mudar esta história, a esperança em seus corações influenciam a correr atrás de seus objetivos.
As favelas brasileiras crescem, acumulando grande número de barracos perto um do outro aglomerando os casos de acidentes de incêndio, os focos aparecem com frequência causando mortes de crianças e adultos, os próprios moradores ajudam a diminuir as chamas até a chegada do socorro especializado.
Acidentes domésticos causados por falha humana, são os principais causadores destes incêndios, o uso de velas, fogões ligados, gás mal instalado e eletricidade mal feita, a população tem a necessidade de ser informada e ter noções para agir em casos como este. Algumas dicas podem ajudar a diminuir as tragédias com incêndio:
Desligar o gás quando não estiver em uso;
O armazenamento correto de produtos inflamáveis;
Guardar em locais seguros os esqueiros e fósforo, deixando – os longe do alcance de crianças;
Eletricidade revisada;
O descarte correto de tocos de cigarro;
Desligar o ferro de passar ao término;
Fiações expostas.
Grandes perdas podem ser evitadas por estratégias que ajudam a combater índices graves de mortes causadas por queimaduras, os casos podem ser evitados com precauções eficazes. Os hospitais ficam cheios de pacientes vítimas de fogo, sendo as crianças as principais atingidas, pois ao descuido mínimo dos pais pegam fósforos e queimam os utensílios de casa.
A preparação da comunidade serve para uma primeira atitude a ser tomada quando o acontecimento ocorre, uma capacitação para o isolamento dos locais, os vários acontecidos tornam a sociedade das favelas mais pobres, destruindo seus lares, perda de roupas, documentação e eletrodomésticos.
Cada comunidade possui suas necessidades, o trabalho suado para conseguir estruturar uma vida estável e confortável, as condições precárias facilitam os casos de incêndio em que adultos e crianças são vítimas de queimaduras que podem levar a morte.
Recentes informações constatam que as condições de “gatos” em instalações de energia acarretam em acidentes relacionados com fogo. Os incêndios aterrorizam essas pessoas, pois acabam com suas moradias e colocam em risco toda a comunidade ao redor, muitas mortes acontecem nas madrugadas pegando de surpresa as pessoas e influenciando mais na pobreza desses bairros.
Uma recente informação divulgou que aconteceu um incêndio em uma favela de Salvador que se alastrou por mais de cem barracos no bairro de Itacaranha, as pessoas precisam começar tudo do zero para formar uma nova moradia.
Os bombeiros recebem muitas solicitações para o socorro e o número de viaturas são poucas para atender tanta demanda, as remunerações baixas não estimulam a quantidade de pessoal para a formação de bombeiro e concurso público, alguns dias atrás estavam em greve por condições de trabalho em busca de condições favoráveis e salários ajustados.
Os desabrigados recebem ajuda do governo para a sobrevivência e se abrigam em escolas e creches até a situação ser resolvida. Além do sofrimento das pessoas os animais perdem seus donos, os documentos queimados e lembranças acabadas, uma angústia que nada irá suprir, nada aliviará. Com a única certeza de que tanta luta foi em vão…
Na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro está localizado o Complexo do Alemão, indiferente do conhecimento de muita pessoas esse é um bairro carioca que inclui cerca de 20 favelas. Durante muitos anos, toda a região era considerada como uma das mais violentas da cidade, uma vez que ali estavam concentrados os mais perigosos grupos e facções criminosas do Rio.
A quantidade de traficantes era tão intensa, que frequentemente aconteciam conflitos entre os bandidos, causando transtornos e pânico nos moradores de bem que vivem nas comunidades e também nos bairros vizinhos, como Ramos, Olaria, Penha, Inhaúma e Bonsucesso. O local onde hoje se encontra o complexo, era denominado como Serra da Misericórdia de formação vertical e geologicamente repleta de morros e nascentes.
Por causa da construção do complexo, pouco se restou das inúmeras áreas verdes que existiam, isso porque ainda há intervenções de algumas ONGs que lutam pela sua preservação. O nome alemão existe por causa do polonês Leonard Kaczmarkiewicz que na década de 20 era proprietário de parte do terreno na Serra da Misericórdia, a população então o chamava de alemão, e a região acabou ficando conhecida como Morro do Alemão.
Com a decisão de Leonard em dividir as terras para venda, houve ao mesmo tempo um enorme crescimento do comércio e da indústria, o que gerou uma intensa ocupação desordenada nos morros, justamente para que os trabalhadores ficassem próximos do trabalho e também de suas famílias. As favelas são um meio de sobrevivência mais pouca assistência possuem, tanto que por um bom tempo utilizam as nascentes do rio como fonte de água.
Com a falta de saneamento e redes de esgotos, essas mesmas nascente são utilizados também como valões de esgoto. A falta de abastecimento de energia elétrica, de assistência médica, educação, entre outros direitos declarados como básicos para qualquer cidadão, são alguns dos problemas enfrentados pelas favelas do alemão e de tantas outras existentes nas grandes cidades.
As favelas que formam o Complexo do Alemão totalizam-se em toda a região administrativa, chegando a ocupar aproximadamente 437.880 m². O conjunto composto por 13 favelas são: Morro da Baiana – Morro do Alemão – Alvorada – Matinha – Morro dos Mineiros – Nova Brasília – Pedra do Sapo – Palmeiras – Fazendinha – Grota – Chatuba – Caracol – Favelinha – Vila Cruzeiro – Caixa d´água – Morro do Adeus.
No ano de 2010, o governo viu-se no direito de modificar a história do Complexo do Alemão e decidiu intervir no bairro com a ajuda de esforços pacificadores, como o BOPE, Polícia Federal e Civil, a CORE (Coordenadoria de Recursos Especiais) e as Forças Armadas, para realizar uma operação especial com a finalidade para retomar o controle da região que estava em poder dos traficantes locais.
A operação iniciou no dia 26 de Novembro de 2010, onde todos os participantes fizeram um tipo de cerco no complexo. Houve muitas trocas de tiros com os bandidos, e por causa da região ser geograficamente vertical, muitos ainda conseguiram se esconder na escassa mata contida nos arredores. Três dias depois, alguns traficantes se entregaram, outros foram mortos e a polícia conseguiu apreender toneladas de drogas e armas.
Com a pacificação mantida, o governo pode implantar no Complexo do Alemão Programa de Aceleração do Crescimento, e várias outras melhorias como moradia e infraestrutura em geral, afim de proporcionar uma vida para os cidadãos e ao mesmo eliminar a imagem do estigma da favelização e da violência que a muitos anos mantinha. O tráfico em si não foi extinto por completo, mas no Complexo as pessoas podem viver com mais tranquilidade.
Heliópolis é um caso comum de concentração de pessoas com baixo poder aquisitivo. Como fruto de uma crise no setor de imóveis na cidade de São Paulo, que consequentemente encareceu os aluguéis de casas e apartamento na capital, vários trabalhadores tiveram de construir moradia em lugares alternativos para continuar a vida.
O imenso espaço que hoje compõe Heliópolis já foi posse de várias empresas estatais que tinham projetos de construção para o local. Porém, esses projetos não vingaram e aos poucos, várias famílias se deslocaram e alicerçaram moradia. Aos poucos, vários trabalhadores de metalúrgicas do ABC também fixaram moradia no local.
A Favela de Heliópolis cresceu rapidamente e ocupou o status de maior favela de São Paulo, com pouco mais de 41 mil habitantes segundo o senso mais recente do IBGE. Por essa razão e pelos inúmeros problemas de infra estrutura enfrentados pelo povo de lá, o Governo de São Paulo teve de criar mediadas para a urbanização do local.
Com isso, Heliópolis passou de favela para bairro de São Paulo e hoje recebe o nome de Cidade Nova Heliópolis. O projeto de urbanização visa a substituição dos barracos por moradias fixas ou verticalizadas – prédios na maioria dos casos -, implantação de sistemas de esgoto, hospitais, infraestrutura que possibilite energia elétrica e água, além de asfalto e linhas telefônicas.
O projeto de urbanização atingiu ápice em 2010 e mudou radicalmente a cara da comunidade, melhorando a vida de milhares de famílias. Hoje, grande parte da Cidade Nova Heliópolis está urbanizada com asfalto, moradias, redes elétricas, água, esgoto. Também foi disponibilizado o acesso a internet Wi-Fi para facilitar o livre acesso dos moradores.
Existe desde 1997, a rádio comunitária de Heliópolis, uma rádio local que informa os habitantes e possui programação própria e autorizada pelo Ministério das Comunicações. A urbanização do bairro elevou e valorizou os imóveis que antes valiam cerca de 20 mil reais e hoje podem custar em até 100 mil. Os êxitos na urbanização conferiram visitas internacionais para averiguarem o processo que está sendo tomado como exemplo.
O desenho de urbanização de Heliópolis prova que com a luta dos moradores e as medidas governamentais é possível sim, conseguir a mudança na realidade de milhares de pessoas desfavorecidas. Basta que o povo se levante e busque os seus direitos.